Como guardar garrafas de vinho

A elaboração do vinho é um processo que nunca acaba: mesmo depois de engarrafado, continua a evoluir. Com o tempo, a cor, o aroma e o sabor vão mudando, em consequência de várias alterações que ocorrem nos componentes do vinho, como os ácidos e os taninos. Por isso, as condições de armazenamento, antes e depois de abrir a garrafa, são essenciais para preservar a qualidade da bebida. Descubra como guardar o vinho da melhor forma para manter todas as suas características.

Como guardar vinho corretamente

São vários os fatores a ter em conta para o correto armazenamento do vinho, desde a garrafa e rolha, até às condições de luz, humidade, temperatura, ventilação, vibrações e posição.

Garrafa

As garrafas de vidro permitem manter a qualidade do vinho, protegendo-o de agentes externos como a luz e a oxidação, para além de facilitarem o armazenamento e o transporte. Atualmente, a maioria dos vinhos são comercializados em garrafas dos mais diversos formatos, cores e tamanhos:

• Bordalesa. Originária da zona de Bordéus, é a garrafa mais usada para os vinhos. O facto de ter “ombros” altos e “pescoço” abrupto dificulta a passagem de sedimentos para o copo.
• Borgonhesa. Da região da Borgonha, é dos modelos de garrafas mais antigos, sendo largo e curto, com um aspeto mais estilizado, graças a um “pescoço” mais gradual e aos “ombros” em pendente. É o formato escolhido para os vinhos da região do Dão.
• Renana. Originária da região alemã do Reno, apresenta um formato alongado e estreito, com os “ombros” pendentes.
• Alsaciana. Originária da região da Alsácia, é a mais alta e delgada. Em Portugal, é usada sobretudo na região dos Vinhos Verdes.
• Porto. É utilizada para vinhos fortificados, como é o caso dos vinhos do Porto. A garrafas têm um bojo (corpo da garrafa) mais largo e "ombros" mais acentuados.
• Espumante. Utilizada para champanhe, cava, prosecco e outros espumantes. Esta garrafa è semelhante à garrafa borgonhesa, com "ombros" curtos, porém, mais baixos. Além disso, o vidro é mais espesso para aguentar a pressão interna, gerada pela gaseificação da bebida.

O tipo de garrafa do vinho é um fator importante e que está intrinsecamente ligado ao elemento seguinte: a rolha.

Rolha

A rolha isola o líquido do oxigénio e dos microrganismos, contribuindo assim para uma melhor conservação. Em Portugal usam-se quase exclusivamente rolhas de cortiça, que se obtém do sobreiro. O tipo de rolha é escolhido, sobretudo, em função da qualidade do vinho a que se destina:

• Rolhas naturais. As rolhas naturais são feitas a partir de uma só peça de cortiça, sendo recomendadas tanto para vinhos de consumo rápido, como para os de estágio médio e prolongado.
• Rolhas naturais multipeça. As rolhas naturais multipeça consistem em duas ou mais metades de cortiça coladas entre si (através de uma cola aprovada para estar em contacto com alimentos), e são usadas em garrafas de grande formato. Não são recomendadas para estágios longos.
• Rolhas naturais colmatadas. As rolhas naturais colmatadas resultam do preenchimento dos poros de outras rolhas com pó de cortiça, que é fixado com uma cola à base de resina e borracha natural. Estas podem ser usadas em garrafas destinadas a estágios de duração média.
• Rolhas técnicas. As rolhas técnicas são constituídas por um corpo de cortiça aglomerada e discos colocados numa ou ambas as extremidades. São perfeitas para vinhos que se destinam a ser consumidos num prazo de 2 a 3 anos, mas apenas se recomendam para estágios de curta duração.
• Rolhas aglomeradas. As rolhas aglomeradas são feitas a partir de granulados de cortiça proveniente das sobras da produção o que, para além de ser uma solução económica, permitem simultaneamente uma vedação perfeita por um período máximo de 12 meses.
• Rolhas de champanhe. Tal como o nome sugere, trata-se de rolhas especialmente concebidas para vedar champanhe, vinhos espumantes e sidra. Podem ser consideradas como parte da família das rolhas técnicas, uma vez que são produzidas a partir de um corpo formado por aglomerado de grânulos de cortiça, ao qual, num dos topos, é aplicado um, dois ou três discos de cortiça natural selecionada. Têm um maior diâmetro, imprescindível para suportar as elevadas pressões existentes nas garrafas de vinhos com gás.
• Rolhas capsuladas. Por último, as rolhas capsuladas são constituídas por um corpo de cortiça natural ou colmatada ao qual se fixa uma cápsula de outro material, como madeira, plástico, porcelana, ou metal. Normalmente são utilizadas em vinhos licorosos e bebidas espirituosas.

Temperatura

O comportamento do vinho varia substancialmente conforme a temperatura a que é conservado.

• Se for demasiado baixa, inferior a 0ºC, o vinho pode congelar e comprometer a garrafa e o seu conteúdo.
• Entre os 0ºC até 10ºC, o envelhecimento será demasiado lento, próprio apenas para vinhos brancos ou vinhos tranquilos a serem consumidos rapidamente.
• Acima dos 15ºC, o vinho pode envelhecer demasiado rápido e perder aroma, sabor e equilíbrio.

Assim sendo, a temperatura favorável à conservação do vinho tranquilo e de guarda oscila entre 12 e 14ºC, enquanto vinhos brancos e espumantes devem ser guardados mais frescos, entre 8ºC e 12ºC. Para vinhos fortificados, como o Porto, a temperatura não deve ultrapassar os 15ºC.

É importante que a temperatura do vinho se mantenha constante, sem ultrapassar 4 a 5ºC, para preservar todas as características do vinho ao longo do tempo.

Luz

Quanto mais escuro for o local de armazenamento melhor. Alguns dias de sol direto nas garrafas bastarão para o prejudicar irremediavelmente, sobretudo se as garrafas forem transparentes.

Vibrações

O repouso absoluto beneficia o bom envelhecimento de um vinho e, por este motivo, evite guardá-lo junto de um frigorífico ou de uma máquina de lavar.

Ventilação

É desejável evitar cheiros suscetíveis de alterar o sabor e aromas do vinho, mantendo o local de armazenagem convenientemente arejado. É desaconselhável guardar químicos, tintas e outros produtos no mesmo local.

Humidade

A humidade relativa adequada à conservação do vinho é de 60%, mas pode subir até 80%, sem que os efeitos sejam muito negativos. Acima disso, existe o risco de formação de bolores, que podem danificar os rótulos e as rolhas. A humidade excessiva pode, contudo, ser combatida espalhando areia no chão, pondo sal de cozinha num recipiente ou utilizando um desumidificador. Também se devem evitar valores muito baixos de humidade, pois as rolhas podem secar, favorecendo assim uma certa evaporação do vinho.

Posição

As garrafas de vinho devem ser guardadas preferencialmente na horizontal, isto porque uma garrafa deitada permite que o vinho embeba a rolha, o que faz com que a quantidade de oxigénio que penetra na garrafa através da rolha seja praticamente nula. Caso tal não aconteça, a rolha pode secar, encolher e rachar, permitindo a entrada de ar e a consequente oxidação do vinho.

Como armazenar o vinho depois de aberto

Depois de aberto, existem alguns cuidados a ter para o guardar o vinho sem perder qualidade. A melhor opção passa por adquirir uma pequena bomba de vácuo, munida de rolhas especiais.

Ao retirarem o ar da garrafa, estas bombas ajudam a combater a oxidação do vinho e, consequentemente, reduzir a velocidade a que este perde a sua qualidade.

Assim, uma garrafa de vinho aberta para o consumo de somente um copo de refeição, aguentará dias em perfeitas condições, até finalizar o seu consumo. E a primeira gota saberá como a última.

Como guardar vinho do Porto

Aqui ficam alguns conselhos valiosos para guardar vinho do Porto antes de abrir:

• Posicione as garrafas horizontalmente para manter a rolha húmida;
• Evite luz direta, vibrações e grandes variações de temperatura;
• Mantenha a temperatura constante, de preferência não superior a 15ºC;
• Se possível, use um armário refrigerador para vinhos;
• Antes de servir um vinho do Porto Vintage, coloque a garrafa em pé algumas horas para facilitar a decantação.

Depois de abrir a garrafa, deve guardá-la da seguinte forma:

• Vintage: até 48 horas (usar decantador com tampa);
• Ruby e Ruby Reserva: 8 - 10 dias (decantador ou garrafa bem tapada);
• Tawny e Tawny Reserva: 3 - 4 semanas;
• Tawny ou Brancos com idade (10/20/30/40 anos) e Colheita: 1 - 4 meses (quanto mais velho, maior a durabilidade, desde que bem tapado).

Guardar vinho compensa?

Guardar o vinho pode ser um desafio. Mas desde que sejam respeitadas estas características, é possível conservar uma garrafa com todas as propriedades, até que chegue o momento de provar. E, depois disso, manter as características inalteradas com um recurso a um acessório simples, a bomba de vácuo.

Continente, onde encontra tudo para guardar o vinho

Se quer criar uma garrafeira em casa e começar a sua coleção ou simplesmente escolher um bom vinho, o Continente tem uma enorme variedade de vinhos de qualidade, prontos para serem guardados e apreciados no momento certo.

Perguntas frequentes

Estas são algumas das dúvidas mais comuns sobre como guardar vinho.

1. Qual é a melhor posição para guardar uma garrafa de vinho?

As garrafas devem ser guardadas horizontalmente, para que a rolha se mantenha húmida e impeça a entrada de ar.

2. Posso guardar vinho na cozinha ou perto de eletrodomésticos?

Não. Evite locais com luz direta, calor e vibrações, como perto do forno, fogão, máquina de lavar ou frigorífico. O calor excessivo e flutuações térmicas podem causar o aparecimento de aromas indesejados.

3. O que fazer se não tiver uma garrafeira?

Escolha um local fresco e com ventilação, como corredores pouco iluminados, armários nos quartos ou salas. Evite cozinhas ou locais sujeitos a vibrações e calor intenso. A iluminação deve ser muito suave, pois o excesso de luz acelera o envelhecimento.

4. Vale a pena investir numa garrafeira ou armário refrigerado?

Sim. Um armário refrigerado para vinhos mantém a temperatura e a humidade ideais, protege os vinhos e prolonga a sua durabilidade, especialmente para quem quer guardar garrafas por mais tempo.


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