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Picada de Alforreca: o que fazer nesta situação

Saiba o que fazer no caso de ser picado por uma alforreca: algumas sugestões para suavizar a dor.
Picada de alforreca

Publicado a 13/08/2024

Um bom dia de praia facilmente se transforma num momento desagradável com uma picada de alforreca. Com a chegada do verão, a maior frequência de idas à praia e o aumento da temperatura da água, é essencial estar preparado para esta possibilidade.

Descubra tudo o que precisa de saber sobre as picadas de alforreca, incluindo o que pode fazer para tratar e aliviar o desconforto.

O que são alforrecas?


As alforrecas, também conhecidas como medusas ou águas-vivas, podem ser o pesadelo de muitos banhistas, mas este animal de aspeto gelatinoso tem uma importante função no ambiente e um longo passado que vale a pena conhecer.

Estima-se que existam há mais de 650 milhões de anos – muito antes dos primeiros dinossauros pisarem a terra. Não têm ossos, cérebro ou coração, mas ainda assim conseguem povoar quase todos os oceanos, viver à superfície e nas profundezas, e até sobreviver em água doce. Para além disso, as alforrecas são essenciais para o controlo de várias populações marítimas, para manter o equilibro nos ecossistemas dos oceanos, e até podem guardar segredos importantes para a medicina humana, em particular no que toca à regeneração de tecidos.
Apesar do papel que desempenham no oceano e no ambiente, as alforrecas são obviamente mais conhecidas pelos encontros desagradáveis com banhistas. A costa portuguesa faz parte do habitat natural destes pequenos invertebrados, e especialmente durante o verão, o risco de contacto é maior.

Mas o que causa exatamente o ardor típico que se sente ao entrar em contacto com um destes animais?  Tudo se deve aos seus tentáculos – que podem atingir mais de 30 metros – que podem injetar um espinho, o nematocisto, que liberta substâncias tóxicas com poder urticante. Para além de proteção, os tentáculos também ajudam as alforrecas a capturar outros animais.

Em Portugal, a espécie mais perigosa é a Pelagia noctiluca ou água-viva. É fácil de identificar porque quando se sente ameaçada tende a emitir luz. É mais comum nos arquipélagos dos Açores e Madeira, mas também pode ser vista no Algarve.

Alforreca e caravela-portuguesa são o mesmo?


Muitas pessoas confundem a Physalia physalis, também conhecida como caravela-portuguesa, com uma alforreca. No entanto, e apesar das parecenças, são animais bem diferentes. A caravela-portuguesa flutua e é mais visível à superfície nas alturas do dia em que o sol está menos intenso. Uma picada deste animal é muito dolorosa e pode provocar queimaduras graves.

Quando avistadas, é crucial manter distância, pois os tentáculos da caravela-portuguesa podem estender-se por vários metros e conter toxinas potentes. Se for picado, lave a área afetada com água salgada e procure assistência médica imediata, evitando tocar nos tentáculos diretamente, pois isto pode agravar a situação. Nos meses mais quentes, quando a presença destas criaturas é mais comum, é importante estar vigilante e informado sobre os riscos que representam.

Tipos de alforrecas em Portugal


Estas são as alforrecas mais comuns que se encontram nas praias portuguesas:

Medusa-do-tejo (Catostylus tagi)


Por ser uma das medusas mais comuns no nosso país, pode ser facilmente encontrada junto a portos e marinas nos rios Tejo, Guadiana e Sado, bem como na Ria de Aveiro. Apesar da grande dimensão que atinge, a medusa-do-tejo tem um poder urticante fraco. Ainda assim, em caso de picada, recomenda-se a aplicação de água quente (entre 40 e 45 graus) e bicarbonato de sódio.

Água-viva (Pelagia noctiluca)


Esta espécie é uma das mais perigosas pelas suas picadas dolorosas. Ilumina-se quando se sente ameaçada e está mais presente nos arquipélagos dos Açores e da Madeira e na zona algarvia.

Veleiro (Velella velella)


A sua fisionomia, semelhante a uma vela, faz jus ao nome. Fortemente influenciada pelos ventos e correntes, esta espécie forma colónias que se agrupam densamente à superfície da água e no areal (quando dão à costa). Tem tentáculos pequenos e urticantes, pelo que se aconselha evitar o contacto.

Picada de alforreca: quais os principais sintomas?


O sintoma mais evidente e imediato de uma picada de alforreca é a dor ardente, semelhante a uma queimadura, no local da picada. Para além desta dor, que pode variar em função do tipo de alforreca e da sensibilidade da pessoa picada, podem ocorrer vermelhidão, inchaço, comichão e marcas na pele em forma de linhas ou de rede

Em casos mais graves, pode sentir enjoos, vómitos, dores de cabeça, tonturas e, em raras ocasiões, dificuldades respiratórias. Para quem tem uma sensibilidade extra à toxina libertada pelas alforrecas, os sintomas podem ser mais graves e acentuados, sendo necessário recorrer a ajuda médica no imediato.

Picada de alforreca: o que fazer


Isto é o que deve fazer se for picado:

Primeiros socorros imediatos


  • Saia da água imediatamente após a picada para evitar que se repita.
  • Lave com água do mar a área afetada, mas sem esfregar para não espalhar o veneno. Não use água doce ou álcool, pois pode piorar a situação.
  • Remova os tentáculos presos na pele cuidadosamente com uma pinça ou com um objeto de plástico. Não é aconselhável remover os fragmentos com as mãos desprotegidas.
  • Aplique frio, sem esfregar, pois pode ajudar a aliviar a dor. Se utilizar gelo, evite o contacto direto com a pele. Em caso de dúvida, peça ajuda ao nadador-salvador antes de aplicar qualquer substância.

No caso de haver sinais imediatos de falta de ar, perda de consciência, inchaço, manchas vermelhas intensas na pele, alterações da voz ou dor no peito, entre em contacto com os serviços médicos de emergência.

Tratamento e alívio dos sintomas


É importante ter em conta que os tratamentos variam consoante a gravidade da picada. Crianças, idosos ou pessoas com alergias podem necessitar de atenção especial.

Depois de realizados os procedimentos de primeiros socorros, existem alguns cuidados adicionais para aliviar os sintomas.

  • Lave a área afetada em água quente (não escaldante) a uma temperatura entre 40-45 graus durante 20 minutos, para aliviar a dor. A água quente pode desativar as toxinas.
  • Use pomada própria para queimaduras.
  • Caso não haja contraindicações, medicamentos como paracetamol ou ibuprofeno podem ajudar a aliviar a dor e os anti-histamínicos orais podem reduzir a comichão e inflamação.
  • Beba bastante água para ajudar o corpo a hidratar e a recuperar.

Quanto tempo dura a dor da picada de alforreca?


Regra geral, a fase mais intensa de dor e desconforto dura cerca de 20 minutos. Contudo, pode sentir uma dor latente durante as primeiras 24 horas. Caso os sintomas não passem ou se agravem, dirija-se a uma urgência hospitalar.

Estar bem informado sobre como lidar com uma picada de alforreca pode fazer toda a diferença. Aproveite o verão de forma segura e saiba que, com os cuidados certos, é possível minimizar o desconforto e os riscos associados a estas picadas. Boas férias!


✅ Este artigo foi validado por um especialista na área.